08/11/2016

Opinião | Água do Meu Coração | Charles Martin

Com uma vida difícil desde criança e um passado no mundo dos negócios de que não se orgulha, Charlie Finn vive agora tranquilamente de trabalhos pouco transparentes que faz com o seu barco ao largo da costa de Miami. Charlie procura levar um dia de cada vez, sem grande agitação, no entanto, quando os seus atos têm consequências devastadoras para aqueles que mais ama, sente-se obrigado a reparar todo o mal que causou.
Decidido a trazer para casa são e salvo o filho do seu melhor amigo, viaja para a América Central. A viagem leva-o inesperadamente até León, um lugar a que outrora virara costas pelas piores razões, onde reencontra aqueles que pagaram pelas decisões cegas do seu passado, entre eles Paulina e a filha.
Poderá o confronto com o passado conceder a Charlie a redenção de todos os males que provocou e ajudá-lo a encontrar um amor como nunca julgou possível?

 
Bem, mais uma estreia! E que estreia! A sério. Este livro tem de tudo... Tem crime, mistério, romance, drama, sensibilidade e uma escrita para lá de cativante.
Há quem diga que Charles Martin assemelha-se muito a Nicholas Sparks, mas, sinceramente, não acho que sejam muito parecidos a nível de estilo de histórias. Nicholas coloca muito mais drama e romance nos seus livros, enquanto que Charles Martin consegue colocar de tudo um pouco. Tem emoção? Tem. Tem situações dramáticas? Tem. Mas nada em demasia. Tudo na sua dose certa.
Adorei a forma como Martin arranja maneira de acabar a história, dez anos depois, justamente no mesmo sítio onde começou e, pelo meio, passou por tantos lugares e por tantas aventuras.
Foram várias as personagens que ajudaram a personagem principal, Charlie Finn, a transformar-se, aos poucos na pessoa que se tornou no final de tudo. Alguém que dá valor ao amor, às pessoas, ao mundo e à vida. Abdica de toda a fortuna que arrecadou ao longo dos anos, algum de forma "legal", a maior parte de forma menos legal, em prol de um amor maior do que o seu próprio coração.
Ao longo da narrativa, vamos tendo acesso a várias versões de Charlie. Uma versão rebelde, de quando ele era mais jovem e tinha a mania de que era mais esperto e astuto que os outros (e de facto era). Temos a versão profissional de Charlie em que ele trabalha para um dos maiores magnatas do momento e, sozinho, consegue destruir o negócio de outros cinco empresários bem sucedidos na área do café, na Nicarágua. Temos a versão mais "zen" de Charlie em que ele coloca toda a sua ambição de lado e parte à aventura. Aprende a fazer esquifes, a pescar, a libertar-se do seu passado, embora este último passo não seja o mais fácil de conseguir.
É na busca pelo filho do seu melhor amigo (e patrão) Colin, que ele vai, de facto, conseguir libertar-se de toda a sujidade que sente dentro de si. É quando conhece Paulina e a sua filha Isabella que consegue absorver o verdadeiro significado da vida e da palavra amor. O verdadeiro significado e essência do conceito de família, que ele nunca conheceu antes.
Foi de uma forma natural e até simples que Paulina e Isabella entram no coração de Charlie, tal como já lá existiam Zaul e Maria, os filhos de Colin. Até à data de conhecer Paulina e os seus familiares, Charlie só tinha olhos para a pequena Maria e preocupação pelo jovem Zaúl que a cada dia que passava se ia tornando cada vez mais problemático.
A forma como o autor conseguiu ligar todas as personagens e todo o enredo que envolve a vida toda de Charlie é soberba. Com uma escrita simples e fluída, conseguimos penetrar nos pensamentos complexos de Charlie e perceber que no final das contas, ele era apenas um homem simples à procura do amor e à procura da Vida.

Será certamente um autor para seguir com atenção, a partir de agora.
Recomendo vivamente!
(Este exemplar foi gentilmente cedido pela Porto Editora em troca de uma opinião sincera)

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