09/03/2016

Opinião | Reencontro com o Passado | Nora Roberts

Ninguém pode fugir para sempre 

Filha de uma mãe controladora e possessiva, Elizabeth deixa-se levar pelas loucuras de uma noite, bebendo e permitindo que um estranho sedutor, com sotaque russo, a leve até uma casa isolada. O que aconteceu a seguir mudou a sua vida para sempre.
Doze anos mais tarde, a mulher conhecida como Abigail Lowery vive nos subúrbios de uma pequena cidade. Programadora informática, desenha sistemas de segurança e complementa a sua própria segurança com um cão feroz e algumas armas de fogo. É reservada e nada revela da sua vida. Mas essa reserva apenas intriga Brooks Gleason, o chefe de polícia. A lucidez e opiniões frias e sem romantismo da jovem deixam-no fascinado… e um pouco frustrado. Ele suspeita que Abigail esteja a esconder-se de alguém, e as táticas de defesa dela ocultam uma história que urge ser revelada.
Com uma heroína inesquecível e um enredo de prender a respiração, Nora Roberts cimenta a sua posição como uma das melhores autoras de thrillers românticos.


Este livro é simplesmente *delicioso*...
Adorei a forma como Nora Roberts transformou uma personagem como Elizabeth, uma jovem adolescente presa pela mãe controladora e possessiva, numa personagem cheia de força e intensa, doze anos depois de ter fugido ao controlo da mãe e a ter escapado a um final trágico nas mãos de um homem atraente, sedutor, mas muito perigoso. Inteligente, mordaz e extremamente cautelosa com todos os que a rodeiam, Elizabeth é agora a nossa Abigail Lowery. Habitante de uma cidade pacata e trabalhadora independente de Sistemas de Segurança. Sente-se segura sozinha com o seu cão gigantesco que obedece de uma maneira cega a todos as suas ordens. É no meio desta segurança que Abigail esbarra com Brooks, o chefe da policia daquela mesma cidade. Brooks é um homem simplesmente adorável. A maneira como conseguiu quebrar as paredes de ferro que Abigail construiu à sua volta é qualquer coisa de admirável e, por vezes, exasperante. Teimoso e sinceramente desconcertante, Brooks aos poucos torna-se na única pessoa capaz de a fazer sentir ela própria e segura, sem ter necessidade de usar quer os sistemas de segurança, quer as suas armas que a acompanham todo o dia e toda a noite. Inteligente como é, Brooks não tarda a sentir-se curioso sobre o motivo que a leva a estar sempre sozinha, resguardada por tamanha protecção. Quem lhe fez mal? De quem ela se esconde com tanta veemência? Será assassina em fuga? Alguma vitima de assédio? Não tarda muito até que Abigail abra as portas do seu passado e confesse a Brooks que há doze anos assistiu a um crime e que, tendo a protecção de testemunhas falhado em protegê-la, resolveu fugir, mudar de identidade e tornar-se no inimigo número um da pessoa que matou a sua amiga Julie a sangue frio. Um homem demasiado atraente que a seduziu e que lhe esmagou as esperanças e a sensação de liberdade que sentiu assim que resolveu cortar as amarras que a mantinham ligada a uma mãe ditadora e fria e que nunca soube mostrar o que era o amor de mãe e o que é a ternura entre mãe e filha. Elizabeth era um projecto pessoal da sua mãe e só dela. Nunca permitiu que a filha vivesse como uma adolescente normal e um dia esse controlo tornou-se em revolta e a revolta em tragédia.
A questão é ela saber se Brooks vai acreditar nela ou se vai entregá-la à justiça para testemunhar o que viu, ainda que isso lhe custe a vida.
Uma vez mais, Nora conseguiu prender-me do principio ao fim, revelando-nos que nem sempre uma história envolvendo crime e mistério é difícil de ler. 
Um dos melhores que já li até agora desta autora mais do que consagrada no mundo literário.
(Este exemplar foi gentilmente cedido pela Saída de Emergência em troca de uma opinião honesta)

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